Alguns caminhos para que a liderança possa continuar evoluindo (4/4)

Chegamos ao último artigo da nossa série. 

Como falamos no nosso primeiro texto, 'É preciso dar um salto evolutivo no jeito de liderar', não temos a menor pretensão de trazer respostas ou soluções prontas. Já no nosso segundo artigo, 'Precisamos olhar com mais humanidade para o que é estar na pele de um líder' compartilhamos algumas de nossas inquietações que tem nos levado a pensar em algumas novas narrativas necessárias para a liderança. No nosso terceiro artigo, 'Novas lentes e novas narrativas para uma liderança (r)evolucionária', falamos sobre a necessidade urgente de reimaginarmos e cocriarmos novas narrativas para novas formas de liderar.

Neste artigo queremos apontar alguns caminhos para onde acreditamos que a liderança precisa caminhar e evoluir. 

1. A liderança não conseguirá agir e alavancar o time e o negócio, sem um entendimento do contexto em que opera. Compreender o contexto, para além das fronteiras do negócio, é fundamental para navegar e prosperar em um cenário de policrises e de complexidade ecossistêmica. 

2. Temos que resgatar o que nos faz essencialmente humanos se quisermos  realmente restaurar a humanização na liderança, nas relações e na cultura organizacional. Isso vai muito além de promover treinamentos sobre liderança humana, feedback ou ações pontuais sobre saúde mental, por exemplo. 

3. A incerteza, a complexidade e a impermanência não vão diminuir, muito menos desaparecer. Liderar nesse contexto demanda uma maior tolerância às mudanças e uma capacidade de liderar frente a paradoxos e ambiguidades para os quais não há mais uma relação clara de causa e efeito, uma solução única, muito menos uma resposta pronta. 

4. O desenvolvimento dos times e das lideranças precisam ir além das competências essenciais para desempenhar o trabalho e alcançar os resultados. Precisamos desenvolver novos níveis de consciência para que os times e as lideranças sejam capazes de questionar suas visões de mundo, suas crenças, seus modelos mentais, suas práticas, suas dinâmicas sociais, o status quo e possam cocriar novos significados, novas formas de pensar e agir.  

5. Mais do que alcançar os resultados do negócio, precisamos de organizações e lideranças comprometidas também com a criação de um presente e um futuro mais justo, equitativo e próspero para todos. Uma liderança regenerativa, que revitaliza, restaura e gera valor e prosperidade para todo o ecossistema, ou seja, que gera impacto transformacional em vários níveis - individual, organizacional, econômico, social, planetário. 

6. Para promover todas as transformações necessárias, precisamos compreender e abordar a liderança não mais como um papel, mas sim como um fenômeno distribuído, compartilhado e coletivo. Precisamos abandonar a narrativa da gestão mecanicista, passando a compreender a organização, a liderança e as relações como um ecossistema vivo, dinâmico, complexo e adaptativo, que se auto-organiza e evolui à medida que responde às mudanças do contexto. 

Para construir essas novas narrativas, a cultura, a liderança e a aprendizagem precisam caminhar juntas. E isso só será possível se o próprio RH for capaz de questionar e transformar suas atuais práticas e crenças, para poder sustentar e facilitar a transformação.

Aqui na Polline acreditamos que, para mobilizar transformações ecossistêmicas é necessário uma abordagem multimétodos e multiatores para articular e intervir em elementos interconectados e interdependentes - cultura, aprendizagem, práticas de RH e lideranças em todos os níveis - que impulsionam e sustentam uma organização mais humana, próspera e de alto desempenho. 

Nosso modelo foi projetado para gerar intervenções que consideram a interconexão e a interdependência da cultura, da aprendizagem, das práticas de RH e da liderança e, por isso, foi projetado para se adaptar frente às diferentes tensões e ao momento em que se encontra cada negócio. Ele suporta o processo de coconstrução, implantação e sustentação das (r)evoluções almejadas, apoiando as lideranças e o time de RH a fazer escolhas intencionais dos próximos passos a serem dados.

Provavelmente a essa altura você deve estar pensando 'tudo isso parece fazer sentido mas está muito longe da minha realidade, porque meus líderes ainda mal sabem dar feedbacks de forma efetiva'. 

Calma, nós sabemos o quanto essa transformação é ambiciosa e desafiadora, mas também enxergamos como algo possível e necessário se quisermos evoluir enquanto organizações e humanidade. 

Acreditamos que toda essa transformação é possível a partir do momento que passamos a questionar a nossa visão de mundo, as nossas crenças, as nossas ações no dia a dia, quando nos desafiamos a experimentar novas formas de pensar e agir, quando passamos a fazer escolhas conscientes e intencionais do que está ao nosso alcance de agir ou influenciar, caso contrário continuaremos repetindo, normalizando e perpetuando narrativas e práticas que não cabem mais. 

Precisamos de pessoas com coragem para questionar e romper com tudo aquilo que não cabe mais, transformando o presente e contribuindo para a construção de um negócio e uma sociedade, mais próspera, mais humana e mais justa para todos. Reconhecemos o potencial que cada pessoa tem para agir e influenciar uma nova realidade, a partir do lugar onde está.

Por isso, mais do que um artigo, esse texto é um convite e um chamado para ação. 

Então, conta pra gente aqui nos comentários, por onde precisamos começar para tornar as relações e as organizações, mais humanas, mais equitativas e prósperas para todos?